A fisioterapia respiratória é uma importante etapa nas cirurgias abdominais
Dentre as principais cirurgias plásticas abdominais podemos citar a abdominoplastia ou dermolipectomia e a lipoaspiração, indicadas principalmente para correção estética e funcional do abdômen.
A abdominoplastia consiste na remoção de gordura localizada no abdômen inferior e retirada do excesso de pele da mesma região, e em alguns casos, a lipoaspiração pode ser associada. Porém, mesmo com o avanço das técnicas cirúrgicas os pacientes podem apresentar complicações intraoperatórias e pós-operatórias.
No período pós-operatório, uma das possíveis complicações observadas é a alteração da função pulmonar. Fatores como tempo de anestesia, medicações utilizadas durante o procedimento cirúrgico, incisão da parede abdominal, imobilização no leito após a cirurgia, distensão abdominal e dor estão entre os fatores determinantes para as complicações pulmonares.
A principal alteração da função pulmonar é a redução dos volumes e capacidades pulmonares, redução que pode chegar a 50% quando comparado aos valores pré-operatórios. A normalização dos volumes e capacidades pulmonares pode variar entre 14 a 30 dias após a cirurgia. Outro fator associado a complicações respiratórias é a redução do esforço de tosse, o que pode levar ao acúmulo de secreções nas vias aéreas prejudicando a troca gasosa e aumentando o esforço respiratório.
A presença de complicações pulmonares como atelectasias, pneumonia, derrame pleural e tromboembolismo pulmonar (TEP), estão associadas ao aumento da morbimortalidade no pós-operatório, tempo prolongado de internação e custos relacionados ao tratamento elevados.
Para prevenir essas alterações e possíveis complicações no pós-operatório a fisioterapia respiratória deve ser empregada no período que antecede a cirurgia. Nesse período, o fisioterapeuta deverá realizar a avaliação da mecânica pulmonar e avaliação da capacidade funcional com testes simples e de baixo custo. Como parte da intervenção pré-operatória, os exercícios respiratórios e treino da musculatura respiratória, quando indicada, devem ser aplicados, além dos exercícios globais para melhora da capacidade física. A prática dos exercícios respiratórios no período pré-operatório diminui o risco de complicações no pós-operatório.
No período pós-operatório a fisioterapia deverá ser iniciada precocemente, exercícios e manobras de reexpansão pulmonar durante a hospitalização melhoram a mecânica respiratória, a oxigenação e auxiliam no mecanismo de tosse, promovendo a higiene brônquica e prevenindo o aparecimento de complicações pulmonares.
A cinesioterapia no pós-operatório é essencial, pois trata o paciente de forma global, estimulando a movimentação ativa, melhorando a capacidade física e pulmonar. A orientação quanto à manutenção dos exercícios após alta hospitalar é de suma importância para a recuperação e prevenção de complicações respiratórias e musculoesqueléticas, principalmente por posturas que deverão ser mantidas no período pós-operatório de abdominoplastia.
A frequência e duração da fisioterapia respiratória são avaliados caso a caso, de acordo com a necessidade de cada paciente e avaliação pré-operatória. Na literatura encontramos vários estudos que mostram que a intervenção fisioterapêutica precoce, tanto no período pré quanto pós-operatório, minimiza as alterações da função pulmonar, reduz as complicações respiratórias e melhora a capacidade física no pós-operatório.
Dra. Marina Lazzari Nicola
Especialização em Clínica Médica pela UNIFESP
Mestre em Ciências pela FMUSP
Fisioterapeuta no Hospital Alemão Oswaldo Cruz