Você sabia: A fisioterapia manual pode prevenir cicatriz hipertrófica!

O que é cicatriz hipertrófica?

A cicatriz hipertrófica é definida como uma lesão elevada que não ultrapassa os limites da ferida inicial, ou seja, respeita a extensão original da lesão e apresenta tendência à regressão. É uma resposta exacerbada do tecido conjuntivo cutâneo a ferimentos, intervenções cirúrgicas, queimaduras ou quadros inflamatórios (Hochman, et al.)

A cicatriz hipertrófica é frequentemente confundida com queloide. Contudo, essas são diferenciadas por alguns critérios: cicatriz hipertrófica não ultrapassa a direção da ferida inicial, apresenta tendência a regressão e tem melhor prognóstico após a ressecção (Rev Bras Cir Plást. 2012;27(2):185-9).

A hipertrofia na cicatriz normalmente ocorre região da superfície corporal que está mais suscetível às tensões geradas pelo movimento natural do corpo e pela localização da incisão.

Para favorecer o resultado estético das cicatrizes, alguns autores sugerem que as incisões sejam feitas nas dobras naturais da pele e nem sempre com as clássicas linhas de Langer.

Entretanto, outros fatores podem contribuir com a evolução de uma cicatriz hipertrófica, como: cicatrizes infectadas, sangramentos (hematomas), cicatrizes que abriram (deiscência de sutura), lesões extensas, manipulação excessiva do tecido, queimaduras, técnica inadequada, fototipo, raça, entre outros fatores, podem colaborar com a formação de uma cicatriz excessiva.

Tratamento para cicatriz hipertrófica

O melhor tratamento para cicatriz hipertrófica é a prevenção. Evitar o aparecimento desse tipo de cicatriz é a melhor alternativa para que não haja comprometimento estético e funcional.

Para isso, a indicação é que o fechamento das incisões seja feito por planos, de forma precisa. Além disso, o tipo de fio, precisão da técnica, habilidade do cirurgião e os cuidados no pós-operatório podem auxiliar na prevenção do aparecimento da cicatriz hipertrófica.

Muitos profissionais, utilizam com muito sucesso, a imobilização da região da cicatriz através de bandagens ou “micropores” para evitar a mobilização excessiva da cicatriz e consequentemente a evitar a cicatriz hipertrófica.

A intervenção fisioterapêutica contribui com a prevenção da ocorrência e também com o tratamento da cicatriz hipertrófica.

O tratamento manual tem como objetivo equilibrar todas as estruturas envolvidas diretamente e indiretamente na cicatriz. Através técnicas específicas é possível restaurar a mobilidade tecidual e diminuir as tensões ao redor da cicatriz e dessa forma contribuir para que a cicatriz hipertrófica não ocorra.

O tratamento e as orientações devem fazer parte do plano de tratamento do fisioterapeuta.

Infelizmente, muitos profissionais não se preocupam com a cicatriz e ao terceiro mês o paciente retorna à sua vida com bastante normalidade. Entretanto, a cicatriz ainda não está madura o suficiente para “sofrer” as tensões que os movimentos gerarão.

Para um resultado efetivo, tratamentos com bandagens, micropores, terapia compressiva e pomadas são indicados por seis a doze meses, dependendo assim da reação de cada organismo.

 Sendo assim, é importante evitar que a cicatriz seja colocada sob tensão até que ela esteja clara (“branquinha”), pois a coloração da cicatriz nos indica o processo de cicatrização já foi finalizado ou não.

Cicatrizes vermelhas que começam a se elevar, indicam que o processo de cicatrização não está concluído, estando mais vulneráveis para formação de cicatriz hipertrófica, comprometendo o resultado estético desejado.

Nos casos de cicatrizes que já estão elevadas, ou seja, hipertróficas, é importante consultar o cirurgião plástico ou o dermatologista. Sem dúvida, eles indicarão o tratamento mais adequado para auxiliar na redução da mesma.

Dentre os tratamentos realizados pelos médicos estão: indicação de compressão da cicatriz, placa de silicone, corticoide intralesional, criocirurgia, beta-terapia, laser, ressecção cirúrgica, entre outras.

É importante frisar que, antes da indicação de um tratamento mais invasivo, é de suma importância que o cirurgião converse com o fisioterapeuta.

Há muitos casos que a fisioterapia pode auxiliar diminuição da tensão local e utilizar-se de recursos para gerar compressão direcionada e efetiva sobre a cicatriz excessiva.

Dessa forma, há casos em que apenas o tratamento conservador e orientações precisas são suficiente para promover o resultado estético e funcional ao paciente.

 Vale ressaltar que o tratamento baseado em fisioterapia manual para cicatriz hipertrófica pode ser feito em qualquer tipo de cirurgia, sejam elas cirurgias ortopédicas, neurológicas, cesáreas, laparotomias, cardíacas, vasculares, plásticas, entre outras.

Cuide da sua cicatriz!


Dra. Marcieli Martins

Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional

Fonte:

http://www.queloide.com.br/images/pesquisas4disfuncoes.pdf

http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n2/03.pdf

http://www.rbcp.org.br/details/123/cicatrizes-hipertroficas-e-queloides