Mito ou Verdade: Repouso evita fibrose no pós-operatório de lipoaspiração?

Evitar movimentar-se durante o processo de cicatrização e pós-operatório de lipoaspiração auxilia na prevenção da fibroses?

É muito frequente ouvir no consultório que durante o pré-operatório, os pacientes recebem a orientação para realizar repouso e não movimentar as regiões operadas durante o pós-operatório de lipoaspiração. O intuito do repouso e da inatividade segundo orientações recebidas por eles é EVITAR a formação da fibrose.

Alguns pontos precisam ser esclarecidos para não gerar confusão e induzir o paciente ao erro, afinal orientações pode interferir diretamente no resultado da cirurgia.

A lipoaspiração é a cirurgia destinada a correção de gordura localizada, permitindo melhora do contorno corporal. Entretanto, cuidados no pós-operatório são fundamentais para alcançar o sucesso desejado.

Para levar informação aos pacientes, elaborei abaixo alguns itens que que são fundamentais que sejam compreendidos e executados durante o pós-operatório.

05 dicas sobre repouso e movimento no pós-operatório de lipoaspiração

1. Embora seja uma cirurgia com pequenas incisões na pele, a remoção da gordura através dos movimentos contínuos de inserção da cânula geram um trauma tecidual que desencadeará um processo intenso de cicatrização. Para controlar a intensidade desse processo de cicatrização, ou seja, permitir que ele cumpra seu papel de cicatrizar a lesão criada, é fundamental a atuação do fisioterapeuta no pós-operatório imediato.

2. Vale ressaltar que quanto menos intenso for o processo de cicatrização, menos fibrose  acontecerá.

3. Com a intervenção para retirada de gordura, as regiões que foram submetidas ao processo cirúrgico de aspiração estarão parcialmente “descoladas”. Com o avanço do processo fisiológico de cicatrização, os tecidos nas áreas afetadas pela cirurgia iniciam um processo de aderência. Entretanto, para permitir uma aderência fisiológica controlada, ou seja, cicatrização efetiva e regular, é necessário que o fisioterapeuta através de técnicas específicas conduza esse processo. Caso contrário, é comum o organismo entrar em um processo descontrolado de produção de tecido cicatricial na tentativa de reparar os danos e restabelecer a função do tecido lesado.

4. Para controlar o processo de cicatrização, minimizar a formação de fibrose, evitar aderências cicatriciais, reduzir a dor e manter a mobilidade global, é fundamental que o paciente se movimente. O movimento deve ser orientado, realizado de forma gradual sob orientação de um fisioterapeuta.

5. Deve ser objetivo do tratamento fisioterapêutico: controlar a dor, reduzir o edema, controlar o processo de cicatrização, manter mobilidade global, evitar fibroses e aderências cicatriciais e contribuir com o resultado estético após a lipoaspiração.

Dessa forma, respondendo ao questionamento inicial do post: Repouso evita fibrose no pós-operatório de lipoaspiração?
A resposta é NÃO. Trata-se de um mito criado por alguns profissionais ou até mesmo pelos próprios pacientes.

Repouso não evita a formação da fibrose, pelo contrário! A redução da mobilidade causada pelo repouso pode contribuir com a formação da fibrose e com a limitação de movimento nas regiões lipoaspiradas.

O que deve ser evitado são os movimentos excessivos, intensos e realizados sem orientação do fisioterapeuta.

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Dra. Marcieli Martins

Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional

CREFITO 8 – 13535-F

Você sabia: A fisioterapia manual pode prevenir cicatriz hipertrófica!

O que é cicatriz hipertrófica?

A cicatriz hipertrófica é definida como uma lesão elevada que não ultrapassa os limites da ferida inicial, ou seja, respeita a extensão original da lesão e apresenta tendência à regressão. É uma resposta exacerbada do tecido conjuntivo cutâneo a ferimentos, intervenções cirúrgicas, queimaduras ou quadros inflamatórios (Hochman, et al.)

A cicatriz hipertrófica é frequentemente confundida com queloide. Contudo, essas são diferenciadas por alguns critérios: cicatriz hipertrófica não ultrapassa a direção da ferida inicial, apresenta tendência a regressão e tem melhor prognóstico após a ressecção (Rev Bras Cir Plást. 2012;27(2):185-9).

A hipertrofia na cicatriz normalmente ocorre região da superfície corporal que está mais suscetível às tensões geradas pelo movimento natural do corpo e pela localização da incisão.

Para favorecer o resultado estético das cicatrizes, alguns autores sugerem que as incisões sejam feitas nas dobras naturais da pele e nem sempre com as clássicas linhas de Langer.

Entretanto, outros fatores podem contribuir com a evolução de uma cicatriz hipertrófica, como: cicatrizes infectadas, sangramentos (hematomas), cicatrizes que abriram (deiscência de sutura), lesões extensas, manipulação excessiva do tecido, queimaduras, técnica inadequada, fototipo, raça, entre outros fatores, podem colaborar com a formação de uma cicatriz excessiva.

Tratamento para cicatriz hipertrófica

O melhor tratamento para cicatriz hipertrófica é a prevenção. Evitar o aparecimento desse tipo de cicatriz é a melhor alternativa para que não haja comprometimento estético e funcional.

Para isso, a indicação é que o fechamento das incisões seja feito por planos, de forma precisa. Além disso, o tipo de fio, precisão da técnica, habilidade do cirurgião e os cuidados no pós-operatório podem auxiliar na prevenção do aparecimento da cicatriz hipertrófica.

Muitos profissionais, utilizam com muito sucesso, a imobilização da região da cicatriz através de bandagens ou “micropores” para evitar a mobilização excessiva da cicatriz e consequentemente a evitar a cicatriz hipertrófica.

A intervenção fisioterapêutica contribui com a prevenção da ocorrência e também com o tratamento da cicatriz hipertrófica.

O tratamento manual tem como objetivo equilibrar todas as estruturas envolvidas diretamente e indiretamente na cicatriz. Através técnicas específicas é possível restaurar a mobilidade tecidual e diminuir as tensões ao redor da cicatriz e dessa forma contribuir para que a cicatriz hipertrófica não ocorra.

O tratamento e as orientações devem fazer parte do plano de tratamento do fisioterapeuta.

Infelizmente, muitos profissionais não se preocupam com a cicatriz e ao terceiro mês o paciente retorna à sua vida com bastante normalidade. Entretanto, a cicatriz ainda não está madura o suficiente para “sofrer” as tensões que os movimentos gerarão.

Para um resultado efetivo, tratamentos com bandagens, micropores, terapia compressiva e pomadas são indicados por seis a doze meses, dependendo assim da reação de cada organismo.

 Sendo assim, é importante evitar que a cicatriz seja colocada sob tensão até que ela esteja clara (“branquinha”), pois a coloração da cicatriz nos indica o processo de cicatrização já foi finalizado ou não.

Cicatrizes vermelhas que começam a se elevar, indicam que o processo de cicatrização não está concluído, estando mais vulneráveis para formação de cicatriz hipertrófica, comprometendo o resultado estético desejado.

Nos casos de cicatrizes que já estão elevadas, ou seja, hipertróficas, é importante consultar o cirurgião plástico ou o dermatologista. Sem dúvida, eles indicarão o tratamento mais adequado para auxiliar na redução da mesma.

Dentre os tratamentos realizados pelos médicos estão: indicação de compressão da cicatriz, placa de silicone, corticoide intralesional, criocirurgia, beta-terapia, laser, ressecção cirúrgica, entre outras.

É importante frisar que, antes da indicação de um tratamento mais invasivo, é de suma importância que o cirurgião converse com o fisioterapeuta.

Há muitos casos que a fisioterapia pode auxiliar diminuição da tensão local e utilizar-se de recursos para gerar compressão direcionada e efetiva sobre a cicatriz excessiva.

Dessa forma, há casos em que apenas o tratamento conservador e orientações precisas são suficiente para promover o resultado estético e funcional ao paciente.

 Vale ressaltar que o tratamento baseado em fisioterapia manual para cicatriz hipertrófica pode ser feito em qualquer tipo de cirurgia, sejam elas cirurgias ortopédicas, neurológicas, cesáreas, laparotomias, cardíacas, vasculares, plásticas, entre outras.

Cuide da sua cicatriz!


Dra. Marcieli Martins

Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional

Fonte:

http://www.queloide.com.br/images/pesquisas4disfuncoes.pdf

http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n2/03.pdf

http://www.rbcp.org.br/details/123/cicatrizes-hipertroficas-e-queloides

Orientações para um bom pós-operatório

25 orientações para um bom pós-operatório

Se você está estudando sobre pós-operatório, provavelmente já leu bastante sobre todo universo da Cirurgia Plástica (Leia sobre o Check list do Pré-operatório). Portanto, já sabe que a realização de pós-operatório com excelência é de suma importância para que o procedimento cirúrgico seja um sucesso.

Entretanto, muitos pacientes possuem dúvidas quanto aos procedimentos do pós-operatório e, quando essas não são esclarecidas, podem comprometer o resultado final de uma intervenção cirúrgica por falta de informação.

Objetivando o auxilio desses e, mais uma vez, difundindo os conhecimentos da Fisioterapia Dermatofuncional, neste post você encontrará 25 orientações que auxiliará para que você tenha um excelente pós-operatório. Vale ainda ressaltar que os itens são complementares, ou seja, o ideal é sempre seguir as orientações dos profissionais que estão acompanhando o pós-operatório.

1- Alimentação: manter a alimentação equilibrada evitará desconfortos desnecessários no pós-operatório como constipação intestinal, fraqueza, náuseas, etc;

2- Orientações pós-operatórias: seguir as orientações da equipe (médico, fisioterapeuta, enfermeiros, nutrição, etc.) é fundamental para o sucesso do pós-operatório;

3- Bebida alcoólica: deve-se evitar o consumo de bebida alcoólica enquanto estiver fazendo uso da medicação prescrita pelo cirurgião. Na dúvida, pergunte ao seu médico antes de retornar o consumo;

4- Cigarro: o consumo de cigarro no pós-operatório pode comprometer a cicatrização e favorecer a ocorrência de deiscência de sutura (abertura dos pontos), recorrência de seroma (acúmulo de líquido), entre outros problemas que o cigarro pode ocasionar;

5- Cinta modeladora: realizar os ajustes da cinta modeladora ou modelador pós-cirúrgico é importante para alcançar o resultado almejado com a cirurgia;

6- Não interromper o uso da cinta ou das placas sem autorização do fisioterapeuta. O modelador auxilia na redução do edema (inchaço), auxilia no controle da formação da fibrose e consequentemente contribuir para alcançar o sucesso da cirurgia plástica;

7- Meia anti-trombo: adquirir a meia anti-trombro e usa-la conforme orientação médica. É comum, a indicação da meia por 2 a 3 semanas;

8- Banhos: nos primeiros 15 dias é importante que o paciente não se exponha a banhos longos e com altas temperaturas. A água quente pode contribuir com o aumento do edema (inchaço);

9- Posicionamento no leito: encontrar uma posição que seja, dentro das limitações imposta pela cirurgia, confortável é um grande desafio. Por isso, utilize travesseiros, cunhas, rolos para que o paciente possa descansar enquanto se recupera;

10- Deambulação: muitos pacientes acreditam que por terem operado devem ficar restritos ao leito e levar somente para ir ao banheiro e ainda há aqueles que se quer levantam para realizar as necessidades básicas. É fundamental evitar a permanência no leito e o paciente deve ser orientado a deambular (caminhar), no mínimo a cada 2 horas, sempre respeitando as orientações para levantar e a posição para caminhar;

11- Retorno com o cirurgião: o paciente deve comparecer nos retornos agendados pelo cirurgião pois é essencial que o haja acompanhamento da evolução referente ao procedimento realizado;

12- Curativos: realizar a troca de curativos conforme orientação prévia auxilia na evolução das cicatrizes;

13- Remoção dos pontos: o paciente deverá comparecer no prazo solicitado pelo cirurgião para a remoção dos pontos (se houver). Não remover no tempo sugerido pode contribuir com um processo inflamatório e comprometer o resultado final da cicatriz;

14- Fisioterapia: a fisioterapia é uma das etapas mais importantes do pós-operatório. Realiza-la com um profissional habilitado poderá garantir o sucesso da cirurgia. Um bom fisioterapeuta conduzirá o pós-operatório unindo a reabilitação funcional (melhora global) e reabilitação estética, ou seja, a fisioterapia pode auxiliar desde o alivio da dor, melhora da postura, evitar fibroses e aderências cicatriciais, reduzir o edema e favorecer o resultado final da cirurgia;

15- Seguir as orientações da fisioterapeuta que está acompanhando e conduzindo o pós-operatório;

16- Cuidados com os cabelos: evite lavar e secar os cabelos sem ajuda após cirurgias de mama ou cirurgias faciais. Algumas cicatrizes precisam de cuidados especiais e há cirurgias que não permitem que o paciente eleve os braços para lavar e secar os cabelos;

17- Hidratação: mantenha a pele sempre hidratada;

18- Depilação: a depilação no pós-operatório pode ser realizada se a cicatriz estiver íntegra e a tolerância a dor estiver melhor. Caso contrário, realize quando se sentir mais confiante;

19- Exposição solar: proteger do sol é um dever dos pacientes no pós-operatório. A exposição solar pode colaborar com hiperpigmentação de determinadas regiões e as cicatrizes também podem escurecer se forem expostas ao sol. Na dúvida, proteja-se sempre. Abuse do filtro-solar, chapéus, óculos, roupas com proteção UV, etc;

20- Relação sexual: orienta-se aos pacientes que aguardem liberação médica para retorno da prática sexual. Recomenda-se em média 30 dias de abstenção em cirurgias de mama e abdominoplastia;

21- Dirigir: tudo dependerá da cirurgia que foi realizada. Nos casos de lipoaspirações por exemplo, não há restrição para dirigir. Já em cirurgias de mama e abdominoplastia, recomenda-se em média 15 a 21 dias para retornar;

22- Retorno ao trabalho: está é uma dúvida bastante comum entre os pacientes. Tudo dependerá da cirurgia que foi realizada e da necessidade do paciente retornar ao trabalho. Há pacientes que conseguem retornar ao trabalho com 2 dias e há casos de pacientes com 30 dias e ainda não se senti seguro. É importante, conversar com o cirurgião e com o fisioterapeuta para que juntos possam encontrar a melhor forma de retorno ao trabalho sem prejudicar o sucesso da cirurgia;

23- Atividade física: a prática de uma atividade física normalmente é suspensa para realização de um procedimento cirúrgico. O retorno dependerá da cirurgia que foi realizada, das condições clínicas e funcionais em que o paciente se encontra. A volta às atividades físicas normalmente deve ser feita de forma gradual, de acordo com as orientações do cirurgião, do fisioterapeuta e do educador físico;

24- Resultado final: o resultado final de uma cirurgia plástica é alcançado em média 06 meses após o procedimento. Siga todas as orientações dos profissionais que estão acompanhando. Sem dúvida, todos estão trabalhando para que o sucesso da cirurgia seja alcançado o mais breve possível. Entretanto, é necessário aguardar que o processo de cicatrização evolua para que o resultado final da cirurgia seja atingido;

25- Fotografia: a realização de fotos no pós-operatório é interessante para que o paciente consiga observar a evolução. Muitas vezes, por estar submerso nas emoções do pós-cirúrgico, os pacientes não conseguem perceber evoluções claras. Outro fato importante, esquecemos muito rápido de como éramos e nos acostumamos com muita facilidade com a nova realidade. Por isso, bom senso, expectativas reais e paciência permitirão que o pós-operatório seja mais tranquilo e menos traumático.

Ficou com alguma dúvida que não tenha sido contemplada no post acima?

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Será um prazer poder colaborar com o seu pós-operatório.

obs: este post  tem caráter informativo e não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou autotratamento. Em caso de dúvidas, consulte o seu fisioterapeuta ou o seu cirugião.


Dra. Marcieli Martins

Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional